Pausa Para Um Café

Autor: Bruno Lago

Quinta feira chega! Bem cedo por sinal. Café preto para acordar, talvez único momento de reflexão e lazer do dia, que ainda nem começou. Conversa rápida com a família, namorada, ida para o trabalho... Outro dia, como tantos outros. A vida sem freio que se segue. Enquanto pedimos para que o dia venha logo ao seu fim e que, o quanto antes, chegue a Sexta-feira, véspera do final de semana – nosso merecido descanso semanal, que parece ser tão pequeno, por sinal tão rápido – Lembro-me também  de que diariamente pedimos para vivermos mais,  encompridar nossas vidas, alongar nossos anos de existência, mais e mais e mais, neste velho paradoxo temporal. Pois o que de fato temos feito, a não ser esperar um dia acabar, para que se comece outro. Ora! Então, por que levar em frente a ideia de querer mais tempo, sem que se tenha tempo para desfrutá-lo?
É preciso parar, sentar, piscar os olhos, sorrir. Dar pausas para o café. Visto que, se já vivemos em um vagão de trem desgovernado que, parafraseando Chicó, nos levará tão somente a um único destino: “a morte, único mal irremediável, aquilo que é marca de nosso estranho destino sobre a terra”, do que nos adiantará apenas recolher os bilhetes, trabalhar na fornalha ou mesmo ser um simples passageiro deste trem, se uma vez ou outra não pudermos olhar pela janela e ver a paisagem bela que nos rodeia, ou ainda, desfrutar de uma  agradável conversa com a passageira que escolheu sentar-se ao lado. Continuum da “vida”. Já que os ponteiros do relógio do moto perpetuo nunca irão parar, cabe a nós encontrarmos milésimos de segundos para desfrutar do agradável momento onde se pode sentir o aroma e sabor marcante de um bom café.

Insta: @brunolagooficial

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